terça-feira, 29 de março de 2011

O Rei do Pastel

Um dos auges da música mundial. Impressionante como são as pessoas. Todo grande artista sempre tem histórias fantásticas. Talvez nem tão fantásticas, mas assim as vemos. Desconfio que isso é uma coisa mais da condição humana do que artística; a questão é que por idealizarmos tanto os ícones, acabamos de esquecer que eles são de carne e osso como nós: tem problemas, vontades, preferências, loucuras - como qualquer ser humano.

Por isso mesmo, as "loucuras" feitas por gente normal acabam passando. Afinal, é tudo quase normal, questão de costume. Uma viagem sozinho pela América Latina, com a mochila nas costas como fez um grande amigo de infância. Casar-se com 23 anos de idade, como eu. Resolver ter um filho aos 19 anos de idade e posteriormente ser pai solteiro, como um grande e querido traíra que conheço. Uma improvável conversão religiosa, ideológica e filosófica na casa dos vinte e pouco anos, como aconteceu com uma grande figura que conheço.

Coisas como essa não fazem que as pessoas nos vejam como aberrações posteriormente ao seu acontecimento. Quando a poeira baixa, só ficamos nós, as pessoas, em toda nossa crua normalidade e no dinâmismo das nossas vidas, por mais monótonas que pareçam (ou sejam).

Os artistas, não. Por serem ícones - os icones são desumanizados e estáticos; são em grande medida fruto de propagandas alheias, cabeças e, sobretudo, expectativas nossas. Em versões extremas, a idolatria chega a casos extremos como a morte de John Lennon e os casos de perseguições que vemos não raramente por aí.

Certo. E daí?

E daí que o ditado de que "a primeira impressão é a que fica" tem um valor especial com relação aos ídolos. Por isso que todos se espantam quando Belchior foge para o Uruguai, quando sabemos que Fela Kuti se casou numa única cerimônia com mais de vinte mulheres e se divorciou de mais de 40 de uma só vez.

Chega de divagar. Já tô parecendo o chatão do Bial em final de BBB (Hoje tem!). Eu estava falando do rei do pastel. Será que vocês adivinham quem é?

Lalalala Lalala Lalá... Lalalala Lalala Lalá... Baby I love yooou...




Essa figurinha se chama Cat Stevens. Quer dizer. Se chamava. E não morreu. Trocou de nome. (começaram a entender o tema lá de cima das "loucuras"? Acho que deveria reavaliar o termo. Digamos, mudanças surpreendentes.) Mas isso não é nada, não é nada. Já, já, eu lhes conto.

Outro dia eu estava ouvindo Cat Stevens (suas músicas sempre me tocam), quando tomado de êxtase pelo pastel em sua melhor expressão, fui conversar com meu amigo Montanha, que me comunicou não ser bem a onda dele. Mas chegamos a pelo menos duas conclusões interessantes à respeito de Cat Stevens.

a) O cara é o supra-sumo do pastel.

É demais, bixo.



"Agora que perdi tudo por você,

Você diz que quer buscar algo novo,
E parte meu coração que se vá,
Estou sofrendo,
Mas se quer partir, cuide-se,
Espero que tenha boas roupas para vestir,
Mas lá fora muitas coisas boas se estragam,

Oh querida, é um mundo bárbaro,
É difícil viver só de sorrisos,
E sempre lhe recordarei como uma menina."

Impressiona o tanto de coração que ele bota na música. Coisa forte. No entanto, o massa de Cat Stevens é que o pastel, mesmo tão pastel, tem muita pegada! Está tão bem feito, bem tocado e tudo o mais, que nem me cansa. O cara é foda mesmo. Pago pau.

b) O cara é consideravelmente arrogante.

No entanto, por falar o que fala de forma sincera e com propriedade, isso não ofende. Comentei com Montanha que ele tem algo com o que me identifico bastante: um certo espírito de velhice. Como se eu houvesse ultrapassado a minha juventude e me colocasse em condições de opinar sobre ela como se dela não fizesse parte. Musica magistral de Cat Stevens: Oh very young.


A top das tops vem agora: Father and Son. Um diálogo de um pai envelhecido com um jovem filho insatisfeito com os rumos do mundo e da sua vida até então. O filho quer partir e o pai lhe diz que não é hora de mudanças. "Você estará lá amanhã, mas talvez os seus sonhos não estejam. Você é jovem e tem muito o que aprender. Olhe para mim, estou velho, mas sou feliz. Arrume uma garota, se estabilize." Etcétera e tal. E o filho: "Como posso explicar? Quando tento explicar, ele vira as costas, é sempre a mesma velha história. No momento em que pude falar fui mandado escutar. Mas há uma forma e eu sei que tenho que partir."


Pois é galera. Estrelato, dinheiro, mulheres, ah há! Pecado. Lembram de todo aquele papo la em cima? Agora vocês vão entender. Qual foi a surpresa que houve na vida de Stevens?

Após um acidente de carro que lhe levou a uma experiência de quase morte, os questionamentos que Cat Stevens tinha sobre o mundo, o cosmos, a vida, etc. e tal, se aprofundaram.

Um amigo muçulmano lhe visitou no hospital e ofereceu-lhe apoio. Deixou-lhe o Corão e as portas abertas. Ele interessou-se, estudou e pouco tempo depois abandonou sua antiga vida e o antigo nome e tornou-se Yusuf Islam. Vejam que coisa linda!


É uma musica que ensina, em inglês, o alfabeto árabe, contextualizando com temas do Islão. Ao final da música, ele repete "Alah, só há um Deus." E vai intercalando nome de profetas. "E Maomé é seu mensageiro. E Jesus é seu mensageiro. E Moisés é seu mensageiro."

Dessa forma, pôs ao lado de Maomé, de forma ecumênica, o nome de Jesus e de Moisés, figuras centrais do Cristianismo e Judaismo, respectivamente. Essa noção que associa muçulmanismo a fanatismo religioso pode se mostrar bastante equivocada quando contrastada com a realidade e com a história. Mas isso é papo pra outra hora. Tá tarde e vou mimir.

Grande beijo pra vocês, pessoal!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Fela Kuti - O grandioso senhor da morte

Nascido Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti, em Abeokuta, norte da Nigéria, Fela Kuti é uma figura, no mínimo, intrigante.

O nome que assume, Fela Anikulapo Kuti, responde à sua insatisfação com relação à origem do seu nome de nascimento; Ransome era nome inglês de famílias africanas submetidas à exploração colonial britânica. Sua formação política se dá desde cedo por intermédio de sua mãe, Funmilayo Ransome-Kuti, destacada militante pelos direitos das mulheres na Nigéria. Foi por intermedio dela apresentado a Kwane Nkrumah - considerado o pai do pan-africanismo (sabe as cores do Olodum, da jamaica, do reggae, da bandeira de vários países africanos? Vem daí, do pan-africanismo).

Sua rebeldia parece vir do berço. Ainda no colégio ele formou um grupo com seus colegas, “The Planless Society” (a sociedade sem planos), com o objetivo de violar as regras da escola. Essa característica temerária vai lhe acompanhar por toda sua trajetória de vida, acompanhada posteriormente de um cunho político muito forte. Fela vai estar constantemente em confronto com as elites corruptas da Nigéria, com os interesses dos grandes grupos econômicos, com as empresas multi-nacionais, e isso vai lhe render mais de trezentas convocações a tribunais e três prisões.

O destino que seus país lhe haviam reservado seria o de tornar-se um bem sucedido médico (assim como seu pai) na sua terra natal. E para isso foi enviado à Inglaterra na época de iniciar os estudos superiores. No entanto, chegando ali matriculou-se em música, contrariando as expectativas e ordens dos pais, para o ódio dos mesmos, a dor de cabeça de muitos opressores e a esperança de muitos.

A Nigéria é um país muito complicado nas suas relações internas. São aproximadamente 120 milhões de pessoas vivendo em sua absoluta maioria de forma miserável, em detrimento de uma elite composta por homens negros agentes de grandes empresas de homens brancos. Em relação a esta elite, a musica “Colonial Mentality” (1976) fala muito bem. Aqui vai a letra, sua tradução e o vídeo (Parcial, só a parte da letra. A música toda leva, em seu ritmo transeúntico, mais de dez minutos. 13'42" para ser mais exato).


He be say you be colonial man
Dizem que você é um homem da colônia
You don be slave man before
Você já foi escravo antes
Dem don release you now
Eles agora o libertaram
but you never release yourself
Mas você nunca se libertou
Colomentality
Colomentalidade
He be so
É assim
He be so dem dey do, dem overdo
É assim que eles fazem, abusam
all the things dem dey do
De tudo o que fazem
He be so dem dey do, dem think say dem better pass dem brother. No be so?
O que eles fazem? Eles pensam e dizem ser melhores que seus irmãos, não é mesmo?
He be so
É assim
The thing wey black no good
Os negros estão mal
na foreign things dem is
é porque gostam de coisas estrangeiras
dey like. No be so?
Não é assim?
He be so/ I be so
É sim!
Dem go turn Air Condition and close
Eles ligam o ar-condicionado
dem country away. Na be so?
e deixam seu país lá fora. Não é mesmo?
He be so
É sim!
Dem judge him go put white wig
O juiz bota uma peruca branca
and jail him brothers.
e prende os seus irmãos.
No be so?
Não é mesmo?
He be so
É sim!
Dem go proud of dem name and
Eles se orgulham dos seus nomes
put dem slave name for head
E põem seus nomes de escravo na testa.
No be so?
Não é mesmo?
He be so
É sim!
Colomentality now make you hear me now
Colomentalidade, agora escute
Mr Ransome you make you hear
Senhor Ransome, escute isso!
Mr Williams you make you hear
Senhor Williams, escute isso!
Mr Allia you make you hear
Senhor Alah, escute isso!
Mr Mohammed you make you hear
Senhor Mohammed, escute isso!
Mr Aglican you make you hear
Senhor anglicano, escute isso!
Mr Bishop you make you hear
Senhor bispo, escute isso!
Mr Catholic you make you hear
Senhor católico, escute isso!
Mr Muselim you make you hear
Senhor muçulmano, escute isso!
Na Africa we dey o make you hear
Estamos na África, escute isso!
Colomentality hear
Escute, colomentalidade!
Mr Ransome you make you hear
Senhor Ransome, me escute!
Na Africa we dey o make you hear
Estamos na África, escute isso!






É brincadeira? Numa cajadada só, vamos olhar os poderes que ele se propõe a enfrentar:

Senhor Ransome (nome escravo, seu nome original de família), representando uma elite negra submetida aos interesses e ao comando da elite branca estrangeira representada no Senhor Williams.

Senhor anglicano, muçulmano e católico representando respectivamente a Igreja Anglicana, cristã protestante na qual o(a) soberano(a) Britânico(a) representa a máxima autoridade religiosa, o Islã, religião preponderante no Norte do país onde a aplicação das leis islãmicas entra em constante conflito com as leis civis nacionais e a Igreja Católica do Papa Romano. Essas três religiões eram e ainda são dotadas de bastante peso e influencia com relação a suas diversas (e grandes) fatias populacionais, às quais se contrapôem as praticas religiosas aborigenes às quais Fela Kuti busca "resgatar" e assume como simbolo da vida africana. Problema pouco?!


Repito: musicas como essa e praticas sociais "heterodoxas" (O figura chegou a casar-se com 27 mulheres concomitantemente. Isso mesmo. De uma vez. Chegada certa fase de sua vida, num não raro momento de reflexão - enquanto estava na cadeia - chegou à conclusão de tratar-se o casamento de uma instituição falida na qual se institui o direito privado sobre a liberdade sexual e afetiva do companheiro, sobretudo do homem sobre a mulher. Diante disso, divorciou-se, novamente de uma só vez, de todas suas mais de 40 (40!!!)esposas!) renderam a Fela Kuti mais de 300 intimações judiciais e três prisões.

No entanto, este senhor alcançou grande respeito entre amplos setores da população africana, sendo chamado por estes como "O presidente Negro". Fela Kuti conheceu nos EUA, em 69, os Panteras Negras, grupo no qual militava uma mulher, Sandra Smith, que segundo ele, lhe abriu os olhos. Epoca de luta pelos direitos civis, Malcolm X (que ele conheceu pessoalmente), Luther King, etc. Que tempos, não? Palavras de Fela, sobre Sandra e o que aprendeu com ela e os Panteras:

“Tudo se encaixou. Pela primeira vez eu vi a essência da negritude. É intrigante: todos estes americanos vêm aqui procurando conscientização, eles não percebem que foram eles que começaram com isto. Nós nos envergonhávamos de usar roupas nacionais, até que vimos fotos de negros usando dashikis em 125th street.”, disse ao New York Times em 1987. De arrepiar.

Após sua volta à Nigéria, sua nova bagagem política levou à intensificação da sua atuação política e de suas críticas ao governo nigeriano e às elites. Aí é que se dá aquela mudança de nome:

Fela (o grandioso) Anikulapo (senhor da morte) Kuti (que não pode ser morto por humanos).

Os discursos de Fela, de que os negros deveriam parar de servir aos brancos, que deveriam desenvolver-se por si só, ia frontalmente contra os interesses desta elite e das grandes empresas multinacionais, muitas vezes envolvidas em escândalos denunciados por ele mesmo. Sua rejeição às religiões “coloniais”, “instrumentos de dominação através da mente”, pôs contra ele as grandes massas de cristãos e muçulmanos da Nigéria. As empresas internacionais, exploradoras da força de trabalho e da pobreza nigeriana também eram alvos constantes. Uma de suas musicas, “I.T.T” vai vorazmente ao encontro dos interesses capitalistas no pais.  “I.T.T” é a sigla que é usada internacionalmente para designar uma multinacional da área de comunicações, chamada “International Telegraph and Telecommunications.” Na sua musica, Fela traduz isto como “International Thief Thief”. “Thief” é uma palavra inglesa que significa “ladrão”. Ainda mais controverso, dizia que o homem deveria ser livre, e que o sexo livre era uma expressão natural e bonita desta liberdade. Essas ideias vieram a ofender os preceitos morais de imensa parte daquela sociedade nigeriana. A defesa e o uso aberto da maconha, droga utilizada milenarmente na África, também ia de encontro com os valores estrangeiros firmados na Nigéria.


Como contra-ataque a estes posicionamentos e discursos, a elite econômica e governamental sempre desmereceu o musico, emitindo lhe valores pejorativos como “maconheiro”, “promiscuo”, entre outros, a exemplo da desvaloração dos movimentos de resistência que acontece, por exemplo, no filme “Simba, o Leão Sanguinário”[1], sobre a Revolta dos Mau Mau, no Quênia.

Em 1977 ocorreu o ápice do uso de força bruta contra Fela: a sua casa, a República Kalakuta foi invadida por cerca de 1000 policiais, no segundo ataque governamental contra ele. Sofreu fratura craniana, teve as pernas quebradas. Os instrumentos musicais foram destruídos. As mulheres do conjunto foram estupradas, as pessoas espancadas. Sua mãe, então com 82 anos de idade, foi atirada pela janela do primeiro andar, vindo a morrer em decorrência da queda, e o prédio foi incendiado. Os bombeiros foram impedidos de chegar ao local. As gravações foram perdidas, assim como o filme que vinha sendo gravado, “The Black President”. Sobre este incidente, foi composta a musica “Sorrow, Tears and Blood”, dizendo que “a polícia vem, há muita confusão. Em alguns minutos eles se vão, deixando sua marca registrada: aflição, lágrimas e sangue”. Mas ao contrario do que poderiam pensar as autoridades nigerianas, ao invés de calar ao “presidente negro”, isto só serviu para aumentar nele o sentimento de repulsa pelas elites e aumentar a sua fama de resistente.

Após curto exílio em Gana, Fela volta à Nigéria e forma, em 1979 um partido político, o MOP (Moviment of the People). Tenta candidatar-se à presidência, mas tem sua candidatura rejeitada. No inicio da década de 80 a banda é rebatizada de Egypt 80, sob maior influencia espiritual e o ritmo se torna mais lento e reflexivo. No período 1980-83, de governo civil, relativa tranqüilidade permite uma fase de ativa produção musical da banda. No entanto, em 83 o regime militar volta e em 1984 Fela é condenado a dez anos de prisão sob acusações relacionadas a contrabando de dinheiro quando embarcava para uma tour pelos EUA e esqueceu de declarar a quantia de 1.600$. Foi libertado em 1985, com a ajuda da Anistia Internacional.

Daí em diante Fela continuou suas criticas acidas, fazendo musicas antiapartheid e contra a opressão. E o pan-africanismo continuou sendo temática de seus discursos. De acordo com ele, o pan-africanismo “É a única forma dos africanos poderem usufruir do seu ambiente. A maneira como a África esta retalhada e a maneira que os governos africanos tem se comportado é negativa para o progresso. É por isso que nos vemos a África unida como objetivo fundamental. Por que a África está desunida, é por isso que a África do Sul pode continuar [o apartheid].” Em 1993 Fela foi novamente preso e acusado por assassinato no advento do aparecimento de um corpo perto de sua casa. Os ataques não param por ai. Em 1996 sua residência foi metralhada por dois atiradores, ataque do qual ele saiu ileso, mas varias pessoas presentes saíram gravemente feridas.

Em 1997, um mês após sua ultima aparição em corte por trafico e porte de drogas, Fela Anikulapo Kuti viria a falecer, vitima de uma parada cardíaca, em função de complicações típicas de AIDS. Sobre a morte, o próprio falou para Carlos Moore no livro biográfico “This Bitch of a Life”: “A morte não me assusta, cara. Minha mãe morreu por que acabou o tempo dela na terra. Sei que quando eu morrer vou reencontrá-la, então por que temer? (...) O que estou passando hoje, as religiões africanas justificam...[2]"

Assim morre o corpo de Fela, uma vez que segundo ele a morte é apenas uma transição. Em seu enterro milhares de nigerianos apareceram lamentando que o seu “presidente” tivesse partido para sua outra fase, e o reverenciavam, em sinal de gratidão e agradecimento. Sua lembrança ainda vive forte, assim como sua musica e sua luta. Morre o corpo. Mas vive a rebeldia. Vive a revolta, contra as injustiças, contra a opressão. Sua musica vive, através de seus discos, novas coletâneas e reedições. Vive através da curiosidade e da pirataria. Vive através de seu filho, Femi Anikulapo Kuti, que vai levando em frente o bom trabalho de seu pai. Sua luta vive, nas lutas diárias daqueles que não querem nem podem se render à opressão de classe e de raça. Isso é Fela. E esse é Fela. Um revolucionário por excelência.

Se querem conhecer mais de Fela Kuti, recomendo:

Powershow
Sorrow, Tears and Blood
No agreement
e a própria Colonial Mentality.

TODAS PEDRADAS MUSICAIS E POLÍTICAS.
Grande arranjo, metáis animais, muito swing, musica da pesada.

Grande abraço!

Próximos alvos: Edson Gomes; Raul Seixas; Crosby, Stills, Nash & Young; e mais.

P.S.: Maiores dúvidas é só perguntar. Se eu souber eu respondo.
P.S.2.: Façam sugestões sobre artistas que vocês têm curiosidade de conhecer ou de mostrar. Se eu estiver de bom humor, quem sabe não aceito suas propostas?!

Bjo!

[1] SILVEIRA, Renato da. Simba, o leão sanguinário: Revolta dos Mau Mau, cultura de massa e marketing político. www.oolhodahistoria.ufba.br/o3renasi.html acessado em 28/03/2011.
[2] PELT, Carter Van. Africaman Original.  http://incolor.inetnebr.com/cvanpelt/Felaweb/africaman.html
acessado em 28/03/2011.

Belchior me descabaçou.

Me desvirginei no mundo dos Blogs. Já tem tempo que penso em fazer isso e ao mesmo tempo pensava em não fazer. Mas hoje, ouvindo Belchior enquanto negligenciava meu trabalho, me instiguei e resolvi fazer essa porra aqui.
O que se pretende com esse blog aqui é o que se segue:

PORRA NENHUMA.

Além de falar algumas coisas de música, eventualmente postar uma poesia velha, comentar a política e o mundo da birita.

Sejam bem vindos. Puxem uma cadeira e sentem-se no chão. A casa está suja, espero que não liguem.

Falando em Belchior, aqui vai:

Em off: Rapaz, eu queria muito poder um dia usar um bigode como o de Belchior. Entretanto, acho que isso nunca será possível. Pelos meus cálculos, meu bigode está no maior que já chegou. Deve ter pelomenos um ano que ele não vê nada cortante pelo caminho. Porém, ele continua fininho, apesar de honesto. Com um pouco de cera, talvez eu consiga imitar (de longe) um Dalí. Mas enfim. Dentro de pouco tempo devo tirar a barba. Vou ficar só de bigode.

Voltando; Belchior, grande Bel. Estou, no momento que escrevo essas palavrinhas aqui, escutando o disco Alucinação, de 1976.

Belchior é na minha opinião um dos melhores compositores da música brasileira. É impressionante sua capacidade de falar com propriedade de coisas muito simples, triviais de um dia-a-dia que muitas vezes nos passam despercebidos. Na musica que dá o título ao disco em questão, após nos mostrar estar desinteressado com relação a coisas menos pragmáticas (e portanto, aferrado ao mundo material e sua dureza), ele nos brinda com a beleza de:

"Um preto, um pobre, um estudante,
Uma mulher sozinha,
Blue jeans e motocicletas,
Pessoas cinzas, normais,
Garotas dentro da noite,
Revolver, cheira cachorro,
Os humilhados do parque com os seus jornais.

Carneiros, mesa, trabalho,
meu corpo que cai do oitavo andar,
E a solidão das pessoas nessas capitais,
A violência da noite, o movimento do tráfego,
Um rapaz delicado e alegre
que canta e requebra é demais,
Cravos, espinhas no rosto,
Rock, Hot-Dog, "play it cool, baby",
Doces jovens coloridos,
Dois policiais cumprindo seu duro dever
E defendendo seu amor e nossa vida."


Mas ele não está interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia nem no algo mais.
Amar e mudar as coisas lhe interessa mais.

Grande Belchior, eu lhe saúdo!

Havia posto umas duas cervejas no congelador. Uma delas (ou mesmo as duas) beberei em sua intenção.

P.S. Ainda tenho outras coisas a falar sobre Belchior. Entre elas suas vocalizações, sua relação com a América Latina e o conteúdo combativo de suas músicas. (P.S. escrevi essas últimas observações aqui mais para eu me lembrar, do que para que os leitores leiam. Espero que a tática funcione e me estimule a escrever mais. Além do grande Bel, já tenho outras figuras na minha mira - entre elas Edson Gomes, o reggaeman da Bahia, o rei dos sindicatos e a sua musica em guerra contra a Babilônia; e Fela Anikulapo Kuti.)

BORA BAHÊA MINHA PORRA!

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